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Ao longo de anos de trabalho percebemos a necessidade de atuar como facilitadores na cura e no desenvolvimento de companheiros de jornada que não compartilham da mesma doutrina, embora necessitassem dos benefícios dos intercâmbios promovidos em nossos encontros.

A compreensão de que a predisposição psíquica ao concurso mediúnico nos é natural, independentemente da crença que professamos, responsabiliza-nos pela necessidade de estender os benefícios que outrora obtivemos, para além dos limites estabelecidos pelos credos e religiões.

Buscar uma atuação que respeite a “linguagem” daquele que nos procura passa a ser uma obrigação e o trabalho amoroso é evidentemente desinteressado de quaisquer compromissos.

Qual não é a nossa surpresa ao nos depararmos com o fato de que muitos dos que nos chegam, buscando soluções para seus transtornos afetivos, emocionais, psíquicos e espirituais, trazem-nos igualmente, valiosas contribuições que enriquecem a nossa forma de observar o mundo e de compreender o outro, aprimorando-nos e auxiliando-nos no desenvolvimento do nosso trabalho.

Custa-nos por vezes perceber, que a valorização daquilo que nos torna diferentes possa de fato enriquecer-nos. Estamos tão apegados aos nossos conceitos, as nossas verdades que somos levados ironicamente, a abandonar aquilo que deveria ser essencial, em favor de uma fidelidade formal pouco significativa.

Assim nos armamos em defesa de princípios que passamos prontamente a trair, movidos pela rigidez dos nossos conceitos. Evidenciam-se os interesses, os domínios, as posses, os poderes, as cercas, os muros existentes para além do manifesto, e a Fé dá lugar à crença e inevitavelmente ao conflito.

Mas a vida não é feita de crenças em conceitos ou palavras, e tudo aquilo que é simbólico, palidamente representa o que tem que ser percebido e vivenciado diretamente. Observar a realidade sob uma perspectiva excludente evidencia o terrível medo de vivenciá-la em sua plenitude e assim seguimos aprisionados por cercas que julgamos proteger-nos.

O conhecimento será sempre bem-vindo e o estudo invariavelmente construtivo conquanto valorizem a complementaridade contida na diversidade das posturas e credos, na busca pela unidade, no anseio de vivenciarmos nossa identidade transcendente no Cristo para além de toda e qualquer diferença.

Autocaminho é isso, é o Autoconhecimento como Caminho.

É a busca da compreensão da vida através do exercício da observação isenta e do autoconhecimento. É a compreensão de que o mundo que observamos não nos é alheio e não importa quantos muros e quantas cercas nós teimemos em erguer ao nosso redor, estaremos sempre tornando-nos prisioneiros dos nossos tristes medos e afastando-nos da possibilidade de vivenciarmos essa unidade.